<![CDATA[ Portugueses vão a Rafah pressionar para a entrada de ajuda humanitária: "Nada deveria importar mais do que as vidas humanas" ]]>
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No dia 12 de junho vão chegar à cidade do Cairo, no Egito, cerca de 30 pessoas vindas de Portugal e da Galiza para se juntarem ao movimento internacional Global March to Gaza. O objetivo é fazerem uma marcha entre a cidade de El-Arich e a fronteira de Rafah (cerca de 50 quilómetros) para, de forma "apolítica e pacífica", pressionar para "a abertura de um corredor humanitário" para Gaza.
Ana Rita Tereso, coordenadora da comitiva que une Portugal e a Galiza (existe uma outra comitiva com o resto das regiões espanholas), explica à SÁBADO que vão estar presentes 35 delegações de vários países. Esta é uma ideia que está a ser organizada há apenas três meses, por isso, não é fácil saber quantas pessoas vão estar presentes, mas já estão confirmados "médicos, advogados, pessoas que trabalham em ajuda humanitária, vários ativistas".
"Uma das ideias principais é fazer pressão sob todos os líderes mundiais para que abram as fronteiras de Rafah e que deixem entrar a ajuda humanitária em Gaza", refere Ana Rita Tereso. Para isso, os membros da marcha vão chegar à fronteira de Rafah a 15 de junho, onde vão ficar até dia 19.
Esta iniciativa conta com dois parceiros importantes, por um lado um navio humanitário que partiu a 1 de junho com onze ativistas, incluindo Greta Thunberg, do sul de Itália para Gaza. O veleiro Madleen é operado pela Coligação Flotilha da Liberdade, grupo de ativistas pró-palestinianos, o que Ana Rita Tereso considera fundamental para proteção dos ativistas: "Esta é já a segunda tentativa, na primeira, que não foi apoiada pela Coligação Flotilha da Liberdade, o barco foi atacado por drones israelitas". Além disso, nos mesmos dias vai também estar a ocorrer uma ação da organização não-governamental tunisina Somoud Convoy que "vai percorrer o norte de África até Gaza levando vários camiões de ajuda humanitária".
"Todos temos o mesmo objetivo por isso é que criámos estas parcerias, quanto mais juntos estivemos mais fortes somos e mais seguros estamos, no entanto cada uma das iniciativas é independente", explica.
A portuguesa de 32 anos, é de Lisboa, professora de português para estrangeiros e não faz parte de nenhuma Organização Não Governamental. Soube do projeto quando ainda estava a começar, "existia apenas um grupo de 6/7 pessoas em França que estavam a organizar o March to Gaza" e "quando se começou a espalhar internacionalmente percebeu-se que havia a necessidade de melhorar a comunicação e que existiam alguns problemas com um dos membros", foi aí que o grupo se separou, se juntou a pessoas por todo o mundo e surgiu o Global March to Gaza. Logo no início assumiu a função de coordenadora, "com o compromisso que se encontrasse alguém dentro das associações pela Palestina que pudesse assumir o lugar ia passá-lo": "As pessoas que lutam pela Palestina em Portugal estão a fazer um trabalho incansável, mas estão muito cansadas, acabei por decidir que o melhor era assumir essa função".
Neste momento o seu principal trabalho tem sido "verificar se as pessoas que se inscrevem para participar sabem o que esperar da viagem", porque considera que "é preciso ter a noção de que não é uma viagem fácil". Ana Rita Tereso refere também que "existem muitas pessoas que não têm o dinheiro necessário para fazerem a viagem ou os dias", mas entram em contacto para "ajudarem a patrocinar outras viagens ou para se disponibilizarem para fazerem e distribuir flyers ou autocolantes": "Tem sido muito orgânico". A equipa, que "incluiu pessoas de todas as partes do País", só se vai reunir no Cairo uma vez que vão partir "de diferentes aeroportos".
Ana Rita Tereso reforça que "há muitas formas de ajudar" pelo que o essencial é "fazer o que podemos": "Temos escrito muitas cartas ao nosso Presidente e a todos os líderes mundiais para que se esqueçam do dinheiro e do poder e possam abrir o coração à humanidade para reconhecerem a humanidade aos outros", exemplifica.
A professora não se esquece que o contexto histórico da região é bastante complexo, mas acredita que neste momento o fundamental é "retirar essa complexidade e voltar às bases para quebrar o ciclo de desastres atrás de desastres": "Queremos apenas que as pessoas entendam que nada deveria importar mais do que as vidas humanas que se estão a perder neste genocídio".
Durante os dias em que as três iniciativas vão estar a decorrer os líderes mundiais vão estar reunidos em Nova Iorque para uma conferência das Nações Unidas sobre a solução de dois estados. Durante esta conferência é possível que França reconheça unilateralmente o estado da Palestina, o que pode aumentar a pressão internacional sobre Israel.
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